quarta-feira, 30 de março de 2011

Grupo de estudo: Psicanálise e educação

Encontros semanais para discussão de textos sobre a relação entre a psicanálise e a educação, com o objetivo de fornecer elementos para reflexão, compreensão da dinâmica emocional e atuação diferenciada na sala de aula.
Público-alvo: professores, educadores e estudantes de cursos de licenciatura.
Horários: 3ª-feira, das 20h30 às 22h ou sábado, das 14h30min às 16h
Responsável: Angelica Höffler, professora e psicanalista

Grupo de Estudo: Dificuldades de Aprendizagem

Encontros para discussão de textos sobre as dificuldades de aprendizagem encontradas em nossas escolas atualmente, com o objetivo de fornecer elementos para reflexão, compreensão da dinâmica da aprendizagem e seus problemas e atuação diferenciada na sala de aula.
Público-alvo: psicopedagogos, professores, educadores e estudantes de cursos de licenciatura.
Horário: 5ª-feira, das 20h às 21h30min
Responsável: Lucimara Mantovani, fonoaudióloga e psicopedagoga

Acolhimento de pais

Qual é o papel que se espera dos pais e da escola na educação das crianças e dos adolescentes? Como aliar o trabalho à educação dos filhos? Como educar crianças e adolescentes e lidar com a angústia de “tentar fazer o melhor”?
Ser pai e mãe não é tarefa fácil. Desempenhar este papel exige destes atores especial capacidade de suportar emoções e situações com as quais nem sempre se estão prontos para lidar.
Por isso, a troca de experiências, a compreensão da dinâmica familiar e a interpretação dos sentimentos que se presentificam durante a atuação como pai e mãe pode ser extremamente enriquecedor para criar o suporte necessário para a construção de um ambiente possível onde as relações transcorram de modo saudável.
Objetivos:
·         Amparar pais e familiares na tarefa de Educação de crianças e adolescentes proporcionando uma releitura das situações vivenciadas e a compreensão dos sentimentos nelas envolvidos;
·         Propiciar troca de experiências, sem julgamentos, entre os membros do grupo de modo que cada sujeito sinta-se capaz e responsável, a partir de suas potencialidades, de ser agente do processo afetivo e educativo;
·         Criar ambiente de acolhimento de angústias, a fim de interpretá-las e desenvolver a capacidade de lidar com elas;
·         Integrar pais, filhos e educadores fazendo-os observar papéis e competências pessoais nas diferentes relações de que participam.
Horário: 2ª-feira, das 20h30 às 22h
Responsáveis: Angelica Höffler, professora e psicanalista e Lucimara Mantovani, fonoaudióloga e psicopedagoga

Supervisão sobre dificuldades de aprendizagem para professores

Encontros com professores e estudantes de cursos de licenciatura, que já deram início aos estágios, para compartilhar experiências, refletir sobre as dificuldades de aprendizagem e elaborar compreensão e possíveis intervenções através das discussões das teorias que embasam esse tema.
Supervisões individuais e em grupo.
Encontros quinzenais, com duração de 1h30min.
Responsável: Lucimara Mantovani, fonoaudióloga e psicopedagoga
Informações: angelicahoffler@gmail.com

Acolhimento de educadores e suporte para situações escolares

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Acolhimento de educadores e suporte para situações escolares
O projeto de supervisão para professores destina-se a escutar e dialogar com professores, em situações de grupo. Ao relatar as situações vivenciadas no ambiente escolar, estes educadores, plenos do desejo de ensinar, demonstram-se angustiados frente às situações conflituosas que lhes trazem sensação de impotência e desamparo. Desta forma, o projeto de supervisão para professores visa abrir espaço a estes profissionais apaixonados pela educação de modo que possam reconhecer as variáveis das situações vivenciadas e reorganizar sua prática.
Objetivos                                                                                
·         Oferecer um espaço acolhedor para ouvir as inquietações, dificuldades e angústias de professores em relação às questões de educação e interações no ambiente escolar.
·         Propiciar o reconhecimento e o fortalecimento de uma identidade profissional com vistas à atuação didática possível;
·         Desmistificar o destino de uma educação legada ao fracasso e ao descaso, sujeita a autoritarismos, onde a única relação possível é aquela que se faz mediante um poder (frequentemente violento, também em termos simbólicos) exercido sobre subordinados.
Público-alvo: professores, educadores e estudantes de cursos de licenciatura.
Horário: 4ª-feira, das 20h30 às 22h
Responsável: Angelica Höffler, professora e psicanalista

quinta-feira, 10 de março de 2011

Pesquisas de grupo

Pesquisas de grupo  
Contardo Calligaris- FSP

Queremos ver as crianças felizes e jocosas. Portanto, nós preferimos emburrecê-las a aborrecê-las

FRANCISCO, 8, anuncia: “Preciso fazer uma pesquisa para um projeto de grupo sobre a China”.
Encarregado das ilustrações, Francisco “pesquisa” no Google Imagens.
A impressora está em pane; alguém leva Francisco e seu pen-drive para a casa da tia, a qual interrompe seu jantar para imprimir os arquivos.
Em menos tempo (e sem mobilização familiar), Francisco poderia ter memorizado três boas páginas sobre a China, seus costumes, sua história etc.
Há 20 anos, como pai, padrasto, professor e terapeuta, sou perseguido pelas “pesquisas de grupo”.
A moda do trabalho escolar em grupo evoca, aos meus ouvidos, a fala de colegas que, nos anos 70, improvisavam grupos terapêuticos. Os tempos são duros, eles diziam, e o paciente pagará a metade do que custa uma sessão individual.
De fato, a terapia de grupo não é uma espécie de excursão de ônibus (mais barata para os turistas e mais rentável para o cicerone): ao contrário, ela é uma forma específica de terapia, na qual a dinâmica do grupo mobiliza aspectos da subjetividade que seriam de acesso e manejo árduos numa terapia individual.
Ou seja, na terapia de grupo, a existência do grupo permite algo que aconteceria mais dificilmente numa terapia individual.
Será que o mesmo não deveria valer para os trabalhos em grupo nas escolas? O trabalho em grupo só se justificaria se ele permitir que o aluno tenha uma experiência diferente, mais rica da que é proporcionada pelo trabalho individual.
Alguns dirão que isso é o que acontece: o trabalho em grupo promove uma socialização que é crucial para a criança. Poderia responder que um pouco de solidão garante o silêncio necessário para que o aluno desenvolva uma vida interior.
Mas a questão é esta: quantos professores têm a competência e o entusiasmo pedagógicos necessários para propor um trabalho de grupo que não seja apenas uma excursão mais barata por ser de ônibus?
Também faz 20 anos que ouço crianças anunciando que seu dever de casa é uma “pesquisa” – nas enciclopédias, nas revistas, nos livros dos pais, nas bibliotecas, na internet e no Google.
Ora, procurar uma palavra num dicionário, numa enciclopédia ou no Google, é, justamente, uma procura -não é uma pesquisa.
Ler dez, 20 ou mesmo 50 livros sobre um tema não é pesquisar, é apenas se informar e estudar.
Se, a partir dessas leituras, alguém costurar uma nova interpretação dos fatos, essa engenharia do pensamento será suficiente para um trabalho de conclusão de curso, para uma dissertação de mestrado e até para uma tese de doutorado, mas ainda não será propriamente pesquisa.
Fazer pesquisa significa produzir (ou almejar produzir) um saber novo, inédito.
Imaginemos que Francisco, depois de passear pelo Google, leia dez livros sobre a visão da China pelos primeiros que viajaram para lá.
Isso seria estudo, não pesquisa. Agora imaginemos que, ao longo dessas leituras, ele se pergunte quais relatos de primeiros viajantes fossem conhecidos por Marco Polo.
Francisco poderia ir a Veneza e vasculhar a Biblioteca Marciana ou o Archivo di Stato até encontrar o testamento de Marco Polo, no qual o explorador talvez tivesse listado seus livros mais preciosos.
Essa, sim, seria uma pesquisa (aviso, para evitar viagens inúteis: o testamento de Marco Polo já foi encontrado há tempos).
Resta a pergunta: por que diabos, aparentemente, gostamos de convencer nossas crianças de que uma procura no Google seria pesquisa?
Por que diabos encorajamos trabalhos em grupo que são apenas maneiras de dividir as tarefas e minimizar o esforço? Por que, em geral, exigimos cada vez menos de nossas crianças?
A resposta usual (e certeira) é a seguinte: amamos nossas crianças como continuações de nós mesmos. Para compensar nossas frustrações, queremos vê-las continuamente saltitantes e jocosas. Portanto, preferimos emburrecê-las a aborrecê-las.
Mas é preciso completar essa resposta. Amamos as crianças porque elas poderão corrigir nossa vida quando não estivermos mais aqui.
É impossível que esse tipo de amor não seja contaminado por uma ambivalência, pois a vida futura das crianças é o símbolo de nossa mortalidade.
Nossa inveja (mais ou menos raivosa) pode, por exemplo, expressar-se assim: tudo bem, as crianças nos sobreviverão, só que a sua vida será inculta e chata -bem-feito, quem mandou não morrer com a gente?